Zola de eva

Vovô Zola

Vovô Zola: lembro-me bem de sua rotina que sempre foi a mesma da minha infância até quando quase já era moça adulta. Vovô Zola acordava todo dia de segunda a sábado bem cedo mas não tão cedo. Eu levantava as 7 da manhã e esperava minha vovó me encontrar pra fazer logo minha vitamina de banana. E vovó dizia “vai dormir menina, está muito cedo”. Eu sentava logo ali na cadeira que dava para ver a porta do corredor. Logo logo já havia vovô entrar no banheiro para se preparar pra sair de casa e começar o seu dia no loja. Sentava sempre na mesma cadeira. A cadeira era do vô e todos sabiam disso. Seu café da manhã era sempre bem farto. Café feito na hora, queijo, pão quentinho (mas o miolo ele sempre tirava) biscoito. Chegava lá na loja lá para 9h? Não sei bem ao certo. Que eu me lembre ficava lá até a hora de voltar pra casa para o almoço. Era sempre o mesmo horário. Almoçava, tinha sempre uma comidinha deliciosa da vovó que ela fazia com a ajuda das boas moças que trabalhavam na casa pra ela. Depois do almoço, era a hora de deitar na cama, assistir jornal hoje na tv pequenina do quarto. Depois levantava e voltava para sua loja. A loja mais conhecida da cidade, bem na rua mais importante, rua central de Caraí. Todos o conheciam como Zola de Eva. Era assim que falavam… ouvi dizer que até prefeito de Caraí já tinha sido convidado pra ser, mas humildemente recusou a oferta. Mas gostava de cantar na praça. Então Vovô cuidava da loja com Tia Teresa depois Tia Alexia e eu fingia que trabalhava lá também. A loja tinhas várias coisas necessárias de se encontrar em uma cidade pequenina que é Caraí. Pano, parafuso, esmalte, papelaria, materiais de construção, brinquedo, agulha. Você ia entrando na loja e era um labirinto que dava em um quintal e as vezes dava medo mas você sempre encontrava alguma coisa interessante por lá. Eu reversava entre ir na loja do vovô e ir na loja da Tia Nana jogar meu joguinhos de liga pontos e jogo da velha. A loja do vovô só tinha um problema pra mim… não vendia balas e doces mas a loja da Tia Nana tinha e era lá que eu sempre estava à espera do meu saquinho marrom de balas. Mas na loja do vovô tinha muito espaço então mamãe, tia Mara e Tia Alexia sempre estavam lá sentadas a ver o povo passar, dar um alou e papear. Acho que era assim o ano todo mas é que eu só ia mesmo depois do natal pra passar o ano novo e o mês de janeiro. Logo ali do lado se eu precisasse de um intervalo do meu revezamento de lojas eu podia ir na casa de Tio João e Tia Li brincar com Lara. E assim era minha rotina vendo a rotina do vô. As 15:30-16 vovô ia pra casa de novo tomar seu café da tarde. Sentava em sua cadeira e lá estava mais uma vez a mesa cheia de quitutes. Tudo muito caseiro. Eu achava interessantíssimo 4 garrafas de café com 4 tipos de cafés para todos os gostos. Forte, fracos, com e sem açúcar. Vovô terminava seu café e logo ia fechar todas as janelas para evitar dos pernilongos entrarem. Voltava pra loja e ficava lá até fechar as 18. Chegava logo em casa para sentar no sofá e assistir à missa com vovó Eva. Ai depois era esperar a janta. Mas primeiro tinha novela das 18 e fechava a porta do lado por que como era noite todos entravam pela porta da saleta. Depois jornal local. Ai tinha novela das 19 mas nessa hora bora pra mesa jantar. Acho que vovô como eu não era fã das novelas das 19… Depois jornal nacional e abrir todas as janelas porque os pernilongos já tinham ido dormir.  E aí vovô ia no banheiro escovar os dentes e cama mas continuava com a tv ligada até uma 22? Talvez. Minha memória é falha. Outra coisa, Vovô andava de um jeito diferente por causa das cirurgias de joelho. Ele gostava de contar as coisas da vida dele e a gente só tinha que ouvir que ele ficava feliz de contar as histórias. Um dia me disse “quer tomar cachaça toma, mas tomar até cair”. Era bom, era infância. Da saudade mas se da saudade é porque vivi. Vivi esses momentos e aproveitei. Obrigada Zola de Eva. Pai do Tio Geraldinho, Tia Mara, Tia Nana, Rosa (mamãe) Tio Zé, Tia Teresa, Tio João e Tia Alexia. Avô do Igor, Nathalia, Yuri, Guilherme, Alexandre, Leonardo, Eu, Lara, Lívia, Clara, Agatha, Davi, Amanda. Bisavô da Ingrid, Julian, Rudah, Raphi, Joao Miguel, Bernardo, Felipe e Thomas. Zola marido de Eva.